segunda-feira, 1 de setembro de 2008

O que era doce - leia-se meses sem R - acabou

Ontem foi um ensolarado, com moderado calor no período da tarde. Hoje, depois de 4 meses, estamos de volta aos meses com R. Ainda se espera uma semana mais ou menos quente. Mas o frio bravo vem daqui a pouco. E em outubro eu volto pra Alemanha, que é mais fria do que a Viena. Tudo bem que o R é uma simplificação. Na verdade, o mês de setembro é em média um pouquinho mais quente que o mês de maio. Mesmo assim, o R continua um bom indicador.

É certo que o tempo tem um componente aleatório até maior do que o componente que obedece a época do ano. Em Erfurt neste ano, fez 15 graus no dia mais quente de fevereiro e 10 graus na madrugada mais fria de julho. Mesmo assim, o tempo oscila em torno de uma média. O inverno 2007/2008 na Alemanha foi excepcionalmente quente. As temperaturas de janeiro costumavam oscilar entre 3 e 8 graus. Os alemães me disseram que o inverno 2006/2007 também teve temperaturas acima da média. Portanto, é mais fácil acreditar que o inverno deste ano vai gelar, porque três invernos mornos seguidos seria demais. Ou não: o componente aleatório das temperaturas não são correlacionados. O inveno do final deste ano pode ter temperaturas acima da média (sendo só um pouco frio) ou abaixo da média (sendo extremamente frio), nada tendo a ver com os últimos dois anos. É como jogar cara e coroa. Se der duas caras seguidas, a probabilidade de dar cara pela terceira vez continuará sendo de 50%.

Nos últimos três anos, os desvios foram bem estranhos. O inverno 2005/2006 na Alemanha foi bem gelado, com temperaturas de 10 graus negativos de vez em quando. Justamente naquele 2006, o verão foi bastante quente. Era isso que diziam os repórteres durante a Copa. Quando estive lá uma semana depois da Copa, peguei temperaturas tocantinenses. Já em 2007 e 2008, o verão foi bem fraquinho.

No Brasil, uma cena se repete quase todo ano. No mês de agosto tem aqueles dias bem secos e ensolarados, com máxima chegando a 28. Aí tem gente que fala: “nossa, se já está assim, imaginem quanto vai estar no verão”. Bom, aí chega o verão com os mesmos 28 graus, só que com chuva. E tem gente que não aprende.

Antes de ir para a Alemanha, eu vi uma palestra de um brasileiro que fez mestrado e trabalhou por um tempo na Alemanha. Ele disse que a principal dificuldade era o Natal, porque além do frio, do dia curto (janeiro e fevereiro são meses mais frios que dezembro, porém, de dias menos curtos e mais ensolarados) e do céu a dois metros acima da cabeça, tinha o problema da solidão, pois todos os colegas voltavam pras suas famílias. Bom, eu não liguei pra isso no primeiro inverno, pois era o que eu tinha acabado de chegar. Nem deu tempo pra pensar nessas coisas. Tinha muitos estudos e o entusiasmo de estar em um luga novo. Além de tudo, Erfurt tem o mercado de Natal mais bonito da Alemanha. Mesmo o segundo inverno, duvido que seja tão drástico. Não sou tão avesso a frio. Gosto de ter todas as estações do ano. Tudobem que na Alemanha irrita um pouco, pois o verão é insignificante e o inverno dura seis meses. Mas são problemas aos quais se adapta. Frio se sente no verão. Para o inverno, existem aquecedor pra ambiente interno e casacos enormes pra ambiente externo. Só se sente frio se ficar muitas horas exposto e o casaco começar a esfriar. E quanto às pessoas que somem no Natal, eu sei que com minha classe não se chega a este extremo.
Bom, acho que ainda tenho mais uma semaninha quente. Depois, sete meses de frio.


Obs. Ficar sem Internet no apartamento aqui em Viena enche o saco de vez em quando. Escrevi este texto ontem no meu lap-top e gravei em um USB, para levar a um computador com Internet.

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