quarta-feira, 27 de maio de 2009

Um clássico do orçamento participativo

Hoje jogam Barcelona e Manchester United pela final da Liga dos Campeoes da Europa.
O que as duas cidades têm em comum? Ambas já estão implementando o orçamento participativo há alguns anos.

sábado, 23 de maio de 2009

60 anos

Hoje são completados 60 anos da fundação da República Federal da Alemanha. Este é considerado o único Estado Alemão bem sucedido. Os demais terminaram ou por guerra (os Reich) ou por golpe (República de Weimar). Somente depois de 1949 a Alemanha conheceu um longo período de prosperidade econômica e democracia.
E hoje, além de celebraçoes públicas, haverá dois acontecimentos importantes. Primeiro, o presidente da Alemanha será eleito para os próximos 5 anos. Aqui a eleição é indireta. Os membros do Bundestag e dos Landtag escolhem. É quase certo que Horst Köhler será reeleito. Mas para a política, isto não tem muito impacto. O cargo de presidente é quase que completamente cerimonial. Segundo, neste fim de semana tem última rodada da Bundesliga. O Wolfsburg, do brasileiro Grafite, é favorito ao título.

Voltando a falar dos 60 anos, como eu disse anteriormente, a RFA teve início quando entrou em vigor a Lei Básica em 23 de maio. Antes disso, os Estados e os parlamentos locais já existiam. Foram criados durante a ocupação, entre 1945 e 1949. Em 1949 começou a funcionar o Bundestag. Konrad Adenauer foi eleito o primeiro chanceler.
A escolha da capital do país foi curiosa. Frankfurt era a maior cidade do estado de Hessen, mas foi decidido que a capital do estado seria Wiesbaden, porque esperava-se que Frankfurt seria a capital do país. Só que posteriormente, decidiu-se que a capital seria Bonn. Há três hipóteses: a primeira é a de que foi feita uma opção por uma capital mais neutra, para evitar rivalidade entre as grandes cidades. A segunda é a de que se fosse escolhida Frankfurt, seria difícil voltar pra Berlim depois. E a terceira é a de que Bonn era mais perto do local de residência de Konrad Adenauer. Depois da reunificação, em 1990, a capital voltou para Berlim. O governo, porém, só foi transferido em 1999, quando foi inaugurada a cúpula de vidro no parlamento. Ainda há alguns poucos ministérios em Bonn.
A Alemanha demorou para voltar a ser um Estado normal. Somente em 1955 ganhou soberania e o direito de fazer política externa. Em 1973, as duas Alemanhas foram admitidas na ONU. Em 1999 a Alemanha voltou a participar de uma guerra.

Uma notícia bombástica sobre a história da Alemanha que coincidentemente surgiu perto do aniversário foi uma revelação sobre o assassinato de 1967. Naquele ano, houve uma grande manifestação pacífica em Berlim Ocidental contra o xá Reza Pahlevi do Irã, em visita oficial. Um estudante foi morto com um tiro na nuca, dado por um policial. Neste semana foi descoberto que o policial era agente da Stasi, a polícia secreta da República Democrática Alemã. Provavelmente ele fez isso para tumultuar a República Federal.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Germany's Next Topmodel




Ontem eu peguei a televisão emprestada para o fim de semana, aí, de noite, eu vi por acaso a final do Germany´s Next Topmodel, apresentado pela Heidi Klum.
Este programa é um reality show, em que as candidatas fazem várias provas típicas da profissão de modelo, como poses para ensaios em revistas, desfiles etc. Além de beleza, expressividade conta para ganhar. A vencedora vira capa da Cosmopolitan e tem uma grande carreira pela frente, propiciada pela fama adquirida no programa.
Sobraram três finalistas. A candidata Sara Nuru, da foto maior, foi a vencedora.

Os 60 alemães mais importantes dos últimos 60 anos

Amanhã será o aniversário de número 60 da República Federal da Alemanha. Em 23 de maio de 1949, a Grundgesetz (lei básica, ou constituição) entrou em vigor.
Para celebrar a data, a revista Spiegel fez uma pesquisa popular para indicar quem foram os 60 alemães mais importantes durante o período de existência da República Federal.
Não vou colocar a lista toda, mas os top-15 foram:
1) Helmut Kohl
2) Konrad Adenauer
3) Helmut Schmidt
4) Willy Brandt
5) Erich Honecker
6) Ludwig Erhard
7) Angela Merkel
8) Hans-Dietrich Genscher
9) Franz Beckenbauer
10) Franz Josef Strauss
11) Gehard Schröder
12) Boris Becker
13) Michael Schumacher
14) Walter Ulbricht
15) Katarina Witt
Listas são sempre polêmicas. Cada um tem a sua. Deve ser por causa disso que a revista optou por dar ao povo, e não aos "sábios" a palavra final.
Mesmo assim, eu, pessoalmente, achei a lista meio chata. Dos 10 primeiros, 9 foram políticos. E dos 7 primeiros, todos foram chefes de governo. Acho até que ex-governante tinha que ser excluído desse tipo de lista, porque caso contrário, ganham facilmente. São sempre os primeiros a serem lembrados.
Achei meio estranho a lista dos 60 incluir Michael Ballack, que apesar de ser um ótimo jogador, nunca ganhou uma Copa sequer, e a one-hit-wonder Nena, e nomes como Jurgen Habermas, Win Wenders, Rudi Dutschke e Joseph Ratzinger não terem entrado. A exclusão deste último mostra que a voz do povo não é necessariamente a voz de Deus.
Quanto ao Michael Schumacher, que sempre acostumei vê-lo em primeiro, foi um pouco estranho ele ter sido apenas como o terceiro maior esportista. Estranho apenas porque sou jovem e portanto, nunca vi o Franz Beckenbauer e o Boris Becker. Mas, realmente, o primeiro deles foi mais relevante.

sábado, 16 de maio de 2009

Hertha Berlin






No sábado 9 de maio, vi o jogo Hertha Berlin 2 X 0 Bochum. Demorei pra atualizar por causa de pepinos no meu computador.
O jogo foi chatinho, teve praticamente só dois chutes a gol: os dois gols. E olha que o Hertha disputa o título. Tem 62 pontos. O Wolfsburg e o Bayern de Munique têm 63. O Stuttgart tem 61. E faltam duas rodadas pro campeonato acabar.
O ídolo do Hertha Berlin por muito tempo foi o Marcelinho Paraíba. Ainda existem torcedores que usam a camisa dele. Hoje o principal jogador é o sérvio Pantelic. Ainda há brasileiros pouco conhecidos: Raffael e Cícero.
Mas o que valeu a pena mesmo foi ter visto o Estádio Olímpico de Berlim por dentro. Além de ser um belo estádio, é um monumento histórico. Foi onde foram disputadas as Olimpíadas de 1936 e a final da Copa de 2006.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Polly Jean Harvey em Berlim


Minha visao do palco


Local do show, por fora

Na noite do 7 de maio, eu vi o show de PJ Harvey e John Parish em Berlim. Foi a primeira (e provavelmente única) vez em que vejo uma apresentação de grandes artistas internacionais.
E de fora se vê algumas diferenças. Na fila, nada de ambulantes com água, cerveja e refri, nem com camisetas pirata. Fiquei em fila somente porque cheguei ao local às 18 horas, horário em que o site falava que os portoes seriam abertos. Tinha uma meia dúzia de gato-pingado na minha frente (eram por volta de seis mesmo). Fiquei sabendo que o site estava enganado. A abertura seria somente às 19h15. Fiquei mais de uma hora de bobo, esperando. O meu consolo foi a possibilidade de ver o show da primeira fila, o que aconteceu pela primeira vez comigo. Quem faz fila com antecedência é idiota, mas desta vez, foi involuntário. Aí tudo bem. Ah, sobre o local: o local era um "espaço cultural" super tosco. Tanto que eu não chamo o que tinha de paredes externas de grafite, mas sim de pichação mesmo. Tinha o tamanho de meio ginásio de esportes (de colégio e não de time oficial).
Quando entrei, garanti meu lugarzinho na frente e de lá não me retirei. Somente às 20h15 entrou o cara que fez o show inesperado de abertura. Era um senhor de meia-idade que cantava uns blues e fazia uns solos na guitarra. Depois disso, o palco foi remontado, com novas guitarras. A equipe testou e re-testou todas as guitarras, os pedais, o baixo, o teclado, a bateria e o banjo. Foi passado um aspirador de pó no palco, que era de carpete. E no palco, nenhuma frescura: apenas os instrumentos, os microfones e umas luzes em cima. Nem telão tinha. Era totalmente desnecessário, visto o tamanho reduzido da casa.
Às 21h10 entraram no palco os coadjuvantes da banda, John Parish de terno e chapéu, e PJ Harvey descalça, com um vestido preto leve na altura das canelas. Reparei como as pessoas ao vivo são diferentes do que na TV. A PJ Harvey é ainda mais baixa e mais magra do que eu esperava. De grande no corpo dela, somente a cabeça e a boca, que estava realçada por um batom vermelho berrante. A cantora inglesa entrou sorridente e tímida no palco, como se não estivesse apresentando em todo o mundo há 18 anos.
Durante o show, foi tocado o álbum recente inteiro (não na ordem) e algumas músicas do Dance Hall at Louse Point, o outro álbum co-produzido por PJ Harvey e John Parish, este, em 1996. Normalmente, show com somente dois álbuns é coisa de banda iniciante, que só tem dois álbuns, e não de artistas que têm quase duas décadas de carreira e muitos álbuns. Mas isto não foi um problema. A combinação das músicas acabou sendo muito boa, a ordem também. Havia uma grande heterogeneidade entre as músicas, alternando as pesadas com guitarra elétrica e as suaves com diversos instrumentos.
Ver o show daquela posição acabou sendo uma sensação única. Foi possível ver o corpo humano produzindo música. Deu para ver as veias do pé da PJ Harvey, os movimentos do pescoço.
O público na Alemanha tem uma grande vantagem e uma pequena desvantagem se comparado ao brasileiro. Os alemães são mais bem-educados. Fiquei na primeira fila sem virar sardinha em lata. Ninguém encostava muito no outro. Porém, são menos emotivos. Quase sempre permanecem em silêncio quando as músicas estão sendo tocadas.
O show foi impecável, sem erros, e com a PJ Harvey apresentando uma grande performance de palco. Mas não houve muita interação com a platéia. Não foi falada uma palavra em Alemão sequer. A cantora falou poucas palavras e todas em Inglês, até mesmo para cumprimentar e agradecer.

E é claro, alguns bom-samaritanos filmaram partes do show com celulares e câmeras digitais. Cilque nos links para ver.
Entrada no palco e Black Hearted Love
Sixteen, fifteen, fourteen

E assim vai. Acho que no Youtube tem quase o show inteiro.

E-participation

Na última quinta-feira 7 de maio, visitei a Binary Objects, em Berlim. Esta firma produz software para cidades que desejam consultar seus cidadãos sobre decisões a serem implementadas. O software inclui banco de dados de assuntos discutidos, fórum de discussão sobre propostas e mecanismos de votação. O software pode ser adaptado com ferramentas adicionais aos propósitos e necessidades locais. As cidades de Berlim-Lichtenberg e Colônia utilizam o software para realizar o orçamento participativo (Bürgerhaushalt). A cidade de Hamburgo utiliza o software para coletar idéias visando à construção de uma nova ponte. O visual do programa pode ser adaptado ao site de cada município.
Há mais adaptações possíveis: a firma pensa em incluir o Google Maps no programa, para que no caso de orçamento participativo, por exemplo, a população possa discutir detalhes sobre as obras em cada localidade inclusive com as construtoras que vão realizá-las.
A participação popular on-line em governos se tornou possível devido ao surgimento da Web 2.0, com suas várias ferramentas que permitem a interação horizontal. Blogs e wikis, por exemplo, possibilitam pessoas diferentes criarem textos on-line, sem uma pessoa controlando de cima. Bem diferente se comparado aos primórdios da difusão da Internet nos anos 90, quando a transmissão de informação era basicamente de via única, de emissor para receptor. Já existia a tecnologia para se fazer ferramentas interativas. Apenas, não houve a idéia de alguém colocar em prática.
Agora sim.

Alô alô computeiros brasileiros: como o orçamento participativo é invenção nossa, que tal criar empresas para fornecer serviços de tecnologia para as Prefeituras?

sábado, 2 de maio de 2009

Noite afegã


Desde o final do ano passado, a ESPP está promovendo o Good Governance Afghanistan Program. Nele, 14 estudantes afegãos recebem alguns cursos preparatórios para inicar o MPP em outubro de 2009. Após a conclusão, em 2011, os participantes estarão prontos para retornar ao Afeganistão, servindo como liderança na reconstrução do país (clique aqui para saber mais sobre o programa).
As aulas preparatórias incluem cursos de Inglês e Alemão. Mas a maioria dos afegãos já falava Inglês fluente antes de chegar. Alguns destes afegãos já estão tendo cursos junto com a turma de 2008 do MPP.

Nesta última terça-feira, eles organizaram a "noite afegã". Primeiro, eles fizeram uma apresentação sobre o país. Falaram que o Afeganistão é um país de muitas etnias e muitos idiomas, que já foi disputado por diversos impérios no passado, que desde 1919 é um país independente. Mostraram uma foto de Cabul nos anos 60, quando parecia ser uma boa cidade, algumas fotos de Cabul destruída atualmente pelos muitos anos de guerra, e algumas fotos da reconstrução. Eles também destacaram algumas imagens das pessoas levando a vida normal. A maioria da população vive de agricultura. Outro destaque do Afeganistão são suas belas paisagens, típicas de um país montanhoso.
A parte seguinte do evento foi a da comida. Aí não tem muitas diferenças com o resto do Oriente Médio: teve pão mais ou menos parecido com o dos países próximos, arroz com passas, frango.
Os estudantes afegãos estavam com seus trajes considerados típicos: umas camisas e calças largas. Quando conversei com um deles posteriormente, ele disse que os trajes são uma mistura de Índia com países a Oeste, que a "tradição" do traje "típico" foi "criada" pelo governo independente de 1919.