sábado, 17 de outubro de 2009

De volta

Estou de volta ao Pais do Carnaval desde 26 de setembro deste ano.
Eu tinha ate pensado em fazer neste blog uma cobertura das eleicoes parlamentares da Alemanha, que aconteceram no dia 27 de setembro. Pensei em postar o que a imprensa, principalmente Die Welt, Spiegel, Thuringer Allgemeine andavam dizendo, o que as pessoas andavam dizendo. Infelizmente me faltou tempo. Os ultimos dias na terra de Goethe foram bem corridos. Preparar minha volta e preparar minha inscricao para doutorado/emprego no Brasil me tomou tempo. Mesmo meus primeiros dias aqui de volta foram bem trabalhosos.
So agora posto as fotos dos dois comicios que acompanhei em Erfurt, na semana anterior a eleicao: o do SPD e o do Die Linke. No do SPD, discursou o prefeito de Erfurt Andreas Bausewein (foto mais de baixo) e o entao Ministro das Relacoes Exteriores e candidato Walter Steinmeier. No do Die Linke, discursou Gregor Gysi, o lider do partido (foto mais de cima). O comicio do CDU, com Angela Merkel, havia sido no mesmo dia que o do SPD, um pouco antes, porem. Quis ver este tambem. Cheguei meia hora mais tarde e ja havia terminado. Foi rapido e com pouca gente. O do SPD foi um pouquinho maior, mas tambem com gato-pingados. O do Die Linke foi o maior dos tres, porem, nada espetacularmente grande.
Bom, mas como foi possivel ver o CDU/CSU, mesmo perdendo um pouquinho de votos em relacao a 2005, conseguiu formar a coalizao preta-amarela com o FDP, que teve crescimento espetacular em relacao a 2005. Agora, o proximo governo da Alemanha sera integralmente de centro-direita. O SPD teve seu pior resultado desde o inicio da Republica Federal da Alemanha. No distrito de Erfur/Weimar, uma candidata do CDU ganhou a votacao direta pra deputado por uma pequena margem. Ja na eleicao proporcional, o Die Linke teve um pouquinho mais de votos que o CDU e portanto, foi o maior partido.






Este foi o ultimo post deste blog. A partir de agora quem quiser acompanhar posts meus pode entrar em http://blogdomarcelobrito.blogspot.com
Ficarei com Sehensucht de muitas pessoas que conheci por la e das quais gostei muito, mas a vida eh assim. Conhecer gente, se despedir, conhecer gente, se despedir...
Abraco!!!

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Ih, queimei a língua

O tenista suíço Roger Federer achou que estava com o canivete e o queijo na mão, mas acabou tomando um chocolate do argentino Del Potro, que se revelou melhor como tenista do que seu compatriota Cavallo como economista.

Eu (e mais muitos), que achei que o resultado seria outro, queimei a língua. Ou melhor, os dedos, porque eu escrevi, e não falei.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Uma manchete quase piada

Na hora que eu fui abrir o e-mail no Yahoo, me deparei com a seguinte notícia

http://br.noticias.yahoo.com/s/reuters/mundo_alemanha_merkel_debate_eleicao

Merkel termina em segundo lugar em debate eleitoral na Alemanha


BERLIM (Reuters) - A imprensa alemã elogiou o social democrata Frank-Walter Steinmeier nesta segunda-feira por seu desempenho em debate na TV contra a chanceler Angela Merkel, mas afirmou que ambos pareciam felizes em compartilhar o poder novamente.

Steinmeier, cujo partido SPD está atrás dos conservadores de Merkel, segundo as pesquisas divulgadas duas semanas antes das eleições, pareceu relaxado e confiante enquanto atacava Merkel sobre as políticas nucleares e fiscais na noite de domingo.

Merkel deu sinais de irritação no início e teve reações impacientes com os moderadores que a pressionaram para ser mais combativa, lembrando-a que o debate é um "duelo" e não um "dueto".

Angela Merkel quer acabar com sua desajeitada "grande coalizão" com o SPD e formar um governo de centro direita com os democratas livres (FDP) depois da eleição de 27 de setembro -- um resultado que pode ser ameaçado caso Steinmeier consiga diminuir a diferença.

"Steinmeier marca pontos contra Merkel", diz a manchete do jornal Handelsblatt. O tablóide conservador mais vendido, o Bild, colocou Steinmer como vencedor, mas afirmou que a natureza restrita do confronto sugeriu que os candidatos estarão felizes em trabalharem juntos novamente depois da eleição.

"Essa discussão foi um sinal: nem Merkel ou Steinmer seriam contra manter a grande coalizão", escreveu o colunista do Bild Hugo Mueller-Vogg.

Pesquisas realizadas logo após o debate mostraram que os espectadores estão divididos sobre quem venceu o confronto, que foi acompanhado por 14,2 milhões de pessoas, contra 21 milhões em 2005 quando Merkel enfrentou o então chanceler Gerhard Schroeder.

Steinmer foi ministro de Relações Exteriores na coalizão de direita-esquerda de Merkel nos últimos quatro anos, e os rivais prefeririam evitar ataques agressivos durante a campanha.




Ora, se do debate participaram apenas dois candidatos, ser o segundo é ser o pior. Seria mais fácil dizer "Merkel tem desempenho pior". É igual aquela piada de que Argentina ficou em segundo lugar na Guerra das Malvinas.

(e vai terminar o US Open em segundo lugar)

Outro ponto cômico da matéria foi "o tablóide conservador mais vendido, o Bild". Ficaria melhor: "o tablóide conservador de maior tiragem", ou "o tablóide conservador mais lido".

Hoje no almoço eu conversei com quem viu o debate. Disseram que o debate foi tão sonolento que espera-se agora um crescimento dos pequenos partidos (FDP, Verdes, Linke) e um declínio dos grandes: o CDU de Angela Merkel e o SPD de Steinmeier.

sábado, 12 de setembro de 2009

Notícia mais detalhada da tragédia

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=554MON015


AFEGANISTÃO
Tradutor morre em operação de resgate de repórter do NYT

em 10/9/2009

O repórter do New York Times Stephen Farrell, seqüestrado por membros do Talibã no sábado [5/9] na província afegã de Kunduz, foi libertado na quarta-feira [9/9] por forças britânicas. O intérprete afegão Sultan Munadi, que o acompanhava, foi morto durante o resgate. Farrell cobria um ataque aéreo da Otan, com aviões americanos, a dois tanques de combustíveis sequestrados. O bombardeio causou a morte de mais de 70 civis. O repórter estava no local entrevistando moradores quando um homem apareceu, alertando-o para sair. Em seguida, foram ouvidos tiros e pessoas gritaram que o Talibã estava se aproximando.

A polícia afegã havia alertado correspondentes em Kunduz que a região era controlada pelo Talibã e que, por isso, era perigosa. O New York Times optou por não divulgar o sequestro de Farrell – e teria pedido a outros veículos que também não o fizessem –, temendo pela segurança dos reféns.

O jornalista, de 46 anos, tem dupla nacionalidade britânica e irlandesa. Ele disse não saber se os tiros que mataram seu intérprete vieram dos militantes ou das forças de resgate. "Ouvimos tiros e deitamos. Uma voz britânica me disse para sair. Foi quando vi que Munadi estava na mesma posição. Ele não se mexeu. Quando caiu, ele estava tão perto, a dois passos de mim. É tudo que sei", conta.

O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, disse que a operação foi realizada após "planejamento intenso" e que os envolvidos sabiam dos riscos que corriam – além do intérprete, também morreram um soldado, um guerrilheiro talibã e o proprietário da casa que servia de cativeiro. Para Brown, a missão foi "heróica". "Como todos sabemos – e como foi demonstrado – as nossas forças armadas têm habilidade e coragem para agir", opinou.

Profissão perigo

Nos últimos anos, diversos jornalistas ocidentais foram mortos no Afeganistão. Sequestros por militantes do Talibã ocorrem frequentemente por razões ideológicas, enquanto os demais são feitos para obter dinheiro com o resgate.

Munadi trabalhou pela primeira vez para o NYTimes em 2002, deixando o diário anos depois para trabalhar em uma emissora de TV. No ano passado, ele foi para Alemanha estudar, voltando ao Afeganistão em agosto para ver sua família – foi quando teria concordado em acompanhar Farrell a Kunduz, como freelancer. Ele era casado e deixa dois filhos pequenos.

Já Farrell trabalha desde 2007 no diário novaiorquino, já tendo escrito sobre os conflitos no Afeganistão e no Iraque. Em 2004, ele chegou a ser capturado por 10 horas com outros jornalistas, quando trabalhava para o jornal londrino The Times. Farrell é o segundo jornalista do NYTimes a ser capturado no Afeganistão em um ano. Em junho, o repórter David Rohde e seu colega afegão Tahir Ludin escaparam dos sequestradores talibãs no norte do Paquistão. Eles haviam sido capturados em novembro, ao sul de Cabul. Informações de Rahim Faiez [Associated Press, 10/9/09].

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Luto!

Sultan Mohammad Munadi era um dos estudantes afegaos na Erfurt School of Public Policy, que participavam daquele programa já mencionado aqui no blog.
Neste mês, ele estava passando as férias em seu país natal, visitando sua família. Foi feito refém pelo Taliban, junto com um repórter do New York Times. Sultan Mohammad Munadi foi assassinado anteontem.

sábado, 5 de setembro de 2009

E o fórum começa a funcionar

Ontem teve início o funcionamento do fórum on-line em que os cidadãos de Erfurt podem formular e discutir projetos a serem implementados pela Prefeitura. O fórum permite não apenas que cidadãos escrevam e votem em propostas, mas também que eles discutam e formulem coletivamente as propostas.
A ferramenta foi desenvolvida em parceria da Prefeitura com a Universidade. Meu orientador de tese e alguns alunos dele participaram diretamente. Eu havia participado do grupo de trabalho que pesquisou sobre o assunto no início deste ano. Mencionei isto algumas vezes neste blog.

Para quem tem curiosidade para ver como é que é e deseja sugerir ao prefeito de sua cidade que implemente algo parecido, o link é este http://forum.erfurt.de/

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O novo Landtag em Thüringen

Como eu havia dito em um post em junho, 2009 teve a coincidência de ter eleicoes em quatro níveis na Alemanha. Em junho, foram algumas municipais e a européia. Ontem teve três eleicoes estaduais: em Saarland, Sachsen e Thuringen (o meu estado).
No sábado eu tirei algumas fotos de cartazes em Erfurt. Os postes cheio deles. A festa da democracia deixou a cidade colorida.


Cartaz do FDP, com uma faixa sugerindo implicitamente o voto útil no CDU na eleicao distrital


Cartaz dos Verdes, com uma faixa sugerindo implicitamente o voto útil no SPD na eleicao distrital. Os Verdes e o FDP nao tem forca suficiente para ganhar eleicoes majoritárias, e portanto os próprios partidos sugerem votos nos partidos parceiros nas majoritárias e o voto dos próprios partidos somente nas proporcionais (Zweistimme)


De cima para baixo: os neonazistas sugerindo retorno dos imigrantes a seus países de origem, o CDU, com a foto do atual governador Dieter Althaus, e o SPD


Angela He-Merkel. Wir haben die Kraft quer dizer "nós temos a forca"


Poste cheio de cartazes



Mais cartazes


Traidor: candidato do SPD usa um Citroen 2 CV ao invés de usar um Volkswagen. Este candidato é alguns meses mais jovem do que eu. Estou ficando velho.


Os nanicos radicais: em cima, os neonazistas do NPD, no meio, os eco-radicais do Okologische Demokratisch Partei e embaixo, os extremistas de esquerda do Marxisistische-Leninistische Partei.


Hoje eu vi no jornal o resultado em Thuringen: o CDU obteve 30 cadeiras, o Linke 27, o SPD 18, o FDP 7 e os Verdes 6. Foi uma derrota acachapante para o CDU, do atual governados Dieter Althaus, que tinha 45 cadeiras antes e a maioria absoluta. Agora, nem mesmo o CDU e o FDP juntos têm maioria para formar uma coalizao de centro-direita.
Os três partidos de centro-esquerda e esquerda obtiveram maioria folgada, mas provavelmente nao vao fazer coalizao, porque mesmo eleitores do SPD e dos Verdes rejeitam o Linke, identificado com os ex-comunistas da ex-RDA. Provavelmente vai ser formada uma grande coalizao CDU-SPD (igual a no nível federal), e o atual governador permanecerá no cargo.
Os neonazistas bateram na trave, mas felizmente nao entraram no gol. Obtiveram 4,7% dos votos e por 0,3%, nao conseguiram formar bancada.

Achava-se que nas eleicoes nacionais de 27/09, o CDU e o FDP obteriam a maioria fácil, para formar uma coalizao de centro-direita. Os resultados das eleicoes estaduais mostraram que nao vai ser tao fácil assim.