domingo, 25 de janeiro de 2009

Refletindo sobre o 20 de julho de 1944

Depois de ter visto o filme do Tom Cruise de tapa-olho, eu comecei a pensar: o que teria acontecido se aquele plano tivesse dado certo?
De acordo com o plano, a sala de reunião do bunker na Prússia Oriental, onde Hitler se reunia com seus oficiais, seria explodida, e com o Hitler morto, os oficiais participantes da conspiração dariam um golpe e renderiam a Alemanha.
Como a ordem do pós-guerra foi em grande parte moldado por instituiçoes criadas pelos aliados durante a guerra, o fim súbito do conflito na Europa poderia ter feito que estas instituiçoes acabassem saindo de forma bem diferente do que foram de fato, e assim, o mundo seria bem diferente.
Quando Hitler se matou em 30 de abril de 1945, Bretton Woods já havia ocorrido, a Conferencia de Yalta também, e o passo inicial para a criação da ONU já havia sido dado. Em 20 de julho de 1944, não. Roosevelt queria que o acordo da ONU saísse ainda durante a guerra. E conseguiu, mesmo depois de morto. Sem a guerra em andamento, as divergências entre EUA, URSS, Reino Unido e China teriam sido muito mais problemáticas.
Para a Alemanha, o resultado poderia ter sido mais diferente ainda do que realmente foi. Em julho de 1944, os aliados ainda não haviam entrado na Alemanha por terra. Ataques aéreos haviam feito algum dano, mas a indústria bélica ainda estava funcionando. Uma rendição com a infra-esrutura do país ainda em funcionamento provavelmente obrigaria os aliados a imporem uma paz mais punitiva, como feito em 1918. O resultado para futuro da Alemanha, da Europa e do mundo seria imprevisível.
Portanto, o sucesso ou o fracasso do atentado teriam tido grandes impactos na história da humanidade. O fracasso ocorreu por fenômenos completamente aleatórios. Se Stauffenberg não tivesse sido interrompido de surpresa, ele teria tido tempo para colocar explosivos em duas, e não apenas em uma mala. Duas malas explodindo certamente teriam matado Hitler. Se um oficial não tivesse mudado a mala de lugar por acaso, mesmo única, tal mala poderia ter matado Hitler. Tais acontecimentos nada tem a ver com ação coletiva de pessoas organizadas, luta de classes, surgimento de novas idéias, ou desenvolvimento de novas tecnologias. Trata-se apenas de sorte e talvez, de perícia de um único indivíduo.
Lição: a história tem variáveis completamente aleatórias.

Nenhum comentário: