Na semana que se passou, minhas aulas ainda não começaram, mas tive a "semana de orientação" na universidade, para receber as instruções necessárias ao início do curso. Teve tour monitorado pelo pequeno campus, explicações relativas ao funcionamento da biblioteca e da sala de computadores, explicação do programa do curso, preenchimento do formulário de solicitação de permanência em Erfurt e teste de nivelamento para o curso de Alemão. Houve até um tour na cidade com um guia explicando a história de cada prédio. Um pouco antes deste tour, houve uma foto dos alunos do MPP com o prefeito de Erfurt, em frente ao bonito prédio da prefeitura.
Conheci meus colegas: cinco alemães, cinco alemãs, dois albaneses, uma albanesa, um russo, duas russas, um chinês, uma chinesa, um estadunidense, um mexicano e duas mexicanas.
Ontem, houve a chamada "intercultura session", que consistiu em uma palestra sobre dificuldades de convívio com culturas diferentes. Os próprios estudantes alemães auxiliaram a explicar algumas regras básicas de convivência social na Alemanha: nada de cumprimentos com beijinhos no rosto em pessoas sem intimidade (acho isso bom), ter cuidado para olhar no olho da pessoa com quem se conversa (pra nós é meio óbvio, talvez isso seja mais importante pra orientais), tratar os professores pela título e pelo sobrenome (primeiro nome só entre pessoas mais íntimas), usar o Sie e não o du para pessoas pouco íntimas (coisas que se aprende nas primeiras aulas de Alemão). Sobre características básicas dos alemães, a aversão ao risco (uma casa, um emprego) e o meticuloso planejamento do tempo. Sobre conversas, evitar perguntar quanto a outra pessoa ganha. Na universidade, pontualidade nas aulas, respeito aos prazos, respeito à formalidade e à hierarquia acadêmica, e incentivo a participação dos alunos nas aulas.
Vi duas características positivas nesta programação. A primeira é que vi uma Alemanha desejando receber estrangeiros de braços abertos, a segunda é que o país zela por manter sua cultura no meio da diversidade de imigrantes. A mensagem captada é "respeitem nossos costumes e vocês serão muito bem vindos". Mais correto que isto, impossível. Anfitrião não se desrespeita.
Depois dessa sessão, foi apresentado aos alunos estrangeiros o programa "Fremden werden Freunde" (estrangeiros viram amigos), que consiste em estabelecer laços sociais entre alunos estrangeiros com interesse em participar e famílias locais que se voluntariaram a entrar no projeto. O objetivo da iniciativa é integrar melhor os estrangeiros à cidade, indo além da comunidade universitária.
A Universidade de Erfurt na verdade não é bem uma universidade e sim um centro superior de ensino de humanidades. Como postei anteriormente, há apenas quatro unidades. Não há departamentos descentralizados. Existe uma biblioteca única. O Studienrat é equivalente ao DCE. Não há algo equivalente a CAs. Há o refeitório, um café ao lado pelo refeitório mantido pelo Studienrat e o café da biblioteca. Não existem cantinas locais. Perder-se dentro do campus é a mesma coisa que bater sorvete na testa.
Os cursos de graduação também iniciaram as atividades nesta semana. Não reparei nada equivalente a trote. Apenas orientação organizada pela própria universidade sobre as instalações do campus. Esse lado negativo das universidades do meu país natal eu não vi aqui. Em compensação, não esperava que o lado positivo seria semelhante. Na segunda-feira, saí com meus colegas para tomar cerveja. O bar havia organizado uma festa de início de semestre, como nossas chopadas. Como só os locais sabiam como chegar no bar, marcamos um encontro para às 20h30 na praça da prefeitura. Vi todos os estabelecimentos das ruas principais fechados (lojas, restaurantes, cafés). Não esperava que encontraria alma viva. Eis que um local nos mostra uma rua estreita, pavimentada com pedras, e nela, o bar, cujas mesas ficavam no subsolo. Não houve a lotação típica das nossas tradicionais chopadas, nem houve breja de graça. Em compensação, teve Guiness e Erdinger a preços mais modestos do que os existentes em supermercados brasileiros.
Na sexta-feira, também saí de noite. Uma festa com música cubana, em um lugar fora do centro comercial. Nas três praças principais (Domplatz, Fischmarkt e Anger) e nas ruas que as interligam não há nada aberto depois das 20h, mas como lá passam as principais linhas de bonde, há um número razoável jovens circulando procurando suas balada nos lugares mais obscuros. De dia, os jovens se perdem no meio de tantas cabeças brancas. De noite, com tudo fechado, eles aparecem.
Estou adorando morar aqui por enquanto (aspectos negativos podem ir aparecendo depois), mas tem um pouco do descômodo da falta de flexibilidade do horário de abertura dos estabelecimentos comerciais. Bancos fecham pro almoço (em compensação, vão até às 18h e não 16h), cafés fecham de noite (ou seja, coma sua sobremesa no restaurante mesmo), quase tudo fecha de domingo. De qualquer forma, nos acostumamos com tudo isso rapidinho. E tem seu charme os jovens, alguns bem estranhos, andando pela cidade adormecida.
Quanto aos supermercados, admiro a consciência ecológica dos alemães, que evitam as sacolas plásticas, algo que só recentemente os brasileiros começaram a imitar. Agora, esse negócio de colocar moeda de 1 euro pra pegar o carrinho é uma chatice. Como o destravamento não é eletrônico, tem que ter moeda de 1 euro, se tiver apenas duas de 0,50, tem que ir ao balcão de informações trocar. Será que eles não tem confiança na capacidade de serem organizados e colocarem voluntariamente o carrinho no lugar certo
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