segunda-feira, 16 de março de 2009

Sobre o MPP (2) começar no post embaixo

Além das disciplinas básicas, os alunos têm que se especializar em dois dos quatro seguintes módulos: integração européia, assuntos internacionais, gestão publica e economia. Em cada módulo é necessário fazer nove créditos, que podem ser distribuídos ou seis em uma disciplina e três em outra, ou três em três disciplinas. Embora eu já seja formado em economia, escolhi economia como um dos módulos porque havia um curso de econometria com aprendizagem do E-Views e minha base nesta área era fraca. Para completar o módulo o quanto antes possível, acabei fazendo também um curso básico de Economia Internacional, também oferecido no primeiro semestre. Foi uma pena que só no terceiro semestre foi oferecido um ótimo curso de desenvolvimento econômico, bem melhor que o que eu tive na graduação. Porém, no terceiro semestre já não dava mais tempo. O outro módulo que escolhi foi o de assuntos internacionais, no qual fiz três disciplinas. Uma delas foi de “governança global”, baseada em estudos de casos em que havia problemas internacionais que dificilmente poderia ser resolvidos por estados nacionais completamente independentes. Tais casos incluíam entre outros, a tentativa de extradição do Pinochet, a negociação de paz na Iugoslávia, a crise do México em 1994, a negociação sobre propriedade intelectual na Rodada Uruguai, e a disputa EUA X UE sobre o comércio de bananas. As discussões foram bem interessantes, só faltou um pouco de base teórica. Outra disciplina foi política externa da República Federal da Alemanha desde 1949 até os dias atuais, lecionada por um diplomata do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha. A terceira disciplina deste módulo foi sobre a ONU, lecionada por um ex-subsecretário geral.
Uma disciplina do módulo de gestão pública, que eu não tive, mas eu soube pelos que tiveram que foi muito interessante, foi Government 2.0. O conteúdo era basicamente sobre como as novas ferramentas interativas da web, como os blogs e as wikis, vão mudar o setor público. Esta discussão tem potencial de ser muito importante nos próximos anos para quem se interessa por gestão pública.
Além de todos estes cursos, são obrigatórios nove créditos em línguas. Os estrangeiros são obrigados a cursar Alemão. Os alemães são obrigados a cursar alguma língua estrangeira que não seja Inglês. Dentro do módulo de línguas, havia também uma disciplina opcional muito interessante para quem procurará emprego depois: um curso de apresentação oral, entrevista e dinâmica de grupo, lecionado pelo mencionado ex-subsecretário geral da ONU.
Por fim, o quarto semestre, que para mim se inicia em abril deste ano, é reservado para a tese.
Em uma das três férias (duas de inverno, uma de verão), um estágio de no mínimo 160 horas é obrigatório. A maioria dos estudantes alemães faz estágios em órgãos de governo. Os estrangeiros fazem majoritariamente em ONGs ou em organizações da ONU. Estes estágios são em maioria não remunerados, mas normalmente, a ESPP cobre parcialmente as despesas com moradia e transporte. Estágios em empresas privadas são permitidos se a ESPP considerar que existe relação com o programa.
De pontos positivos deste programa, eu menciono a capacidade adquirida de pensamento mais prático, o contato com pessoas de diferentes nacionalidades, e a presença de professores convidados que trabalham em diferentes organizações e que, portanto, não levam apenas a perspectiva acadêmica dos assuntos para a sala de aula. Também há professores de outras universidades como convidados. Apesar da Universidade de Erfurt ser nova e pequena, há professores que vêem de universidades grandes de conceituadas. Além disso, o currículo que descrevi até aqui parece bastante interessante.
De pontos negativos, eu destaco a falta de professores permanentes. Isto prejudica um pouco a orientação de tese, que acaba tendo que ser mais coletiva do que individual. A precariedade da Universidade de Erfurt, inaugurada apenas em 1994, atrapalha um pouco também. Alguns professores vão embora porque encontram melhores propostas salariais em outras universidades. Portanto, a rotatividade é muito alta. Muitas vezes, a grade curricular é definida com base na disponibilidade de gente para lecionar. Outro problema foi o desespero para obter mais alunos. No meio do processo de escolha para os ingressantes em 2008, foi decidido que não seria mais necessário o TOEFL para o início do programa, apenas para o fim. A decisão foi infeliz por dois motivos: primeiro porque foram mudadas as regras no meio do jogo, segundo porque se o programa é em Inglês, seria de se esperar que todos os participantes tivessem proficiência comprovada no idioma. Aliás, acho que nos catálogos também deveria ser recomendado um mínimo prévio de um ano de Alemão. Primeiro, para a vida cotidiana, pois no leste da Alemanha, pouca gente mais velha fala Inglês. Segundo, porque faz parte da boa educação e das boas maneiras saber o idioma do país em que habita. Terceiro, porque o Alemão pode ser necessário para as pesquisas de campo do projeto em grupo e da tese.
Mais informações podem ser encontradas em www.espp.de. Outra visita que sugiro é o repositório de casos da ESPP. Um deles, o 001, fui eu que escrevi. Por enquanto, a maioria dos casos discutidos em sala de aula é do repositório da Kennedy School of Government. Mas à medida que mais casos próprios são escritos, mais eles serão utilizados.

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