Ontem eu fui ao Teatro de Erfurt para ver o ensaio geral da ópera não muito conhecida Das Kätchen von Heilbronn, do compositor Carl Reinthaler, natural de Erfurt. Os ensaios gerais são abertos ao público e gratuitos. Antes, o diretor explica um pouco sobre a ópera e a montagem. É uma oportunidade para OUVIR um bom trecho da ópera sem ter que pagar. Como se trata de um ensaio, os cantores obviamente estão vestidos com roupas normais e não há cenário montado. Em alguns momentos, o maestro (que parece ser a mesma pessoa que o diretor) faz alguns comentários aos cantores, pedindo para corrigir a movimentação no palco.
Neste ano, há uma temporada de óperas menos conhecidas em Erfurt. Mas as mais conhecidas não foram desprezadas totalmente. No verão, haverá encenação ao ar livre de Carmina Burana.
quarta-feira, 18 de março de 2009
segunda-feira, 16 de março de 2009
Sobre o MPP (2) começar no post embaixo
Além das disciplinas básicas, os alunos têm que se especializar em dois dos quatro seguintes módulos: integração européia, assuntos internacionais, gestão publica e economia. Em cada módulo é necessário fazer nove créditos, que podem ser distribuídos ou seis em uma disciplina e três em outra, ou três em três disciplinas. Embora eu já seja formado em economia, escolhi economia como um dos módulos porque havia um curso de econometria com aprendizagem do E-Views e minha base nesta área era fraca. Para completar o módulo o quanto antes possível, acabei fazendo também um curso básico de Economia Internacional, também oferecido no primeiro semestre. Foi uma pena que só no terceiro semestre foi oferecido um ótimo curso de desenvolvimento econômico, bem melhor que o que eu tive na graduação. Porém, no terceiro semestre já não dava mais tempo. O outro módulo que escolhi foi o de assuntos internacionais, no qual fiz três disciplinas. Uma delas foi de “governança global”, baseada em estudos de casos em que havia problemas internacionais que dificilmente poderia ser resolvidos por estados nacionais completamente independentes. Tais casos incluíam entre outros, a tentativa de extradição do Pinochet, a negociação de paz na Iugoslávia, a crise do México em 1994, a negociação sobre propriedade intelectual na Rodada Uruguai, e a disputa EUA X UE sobre o comércio de bananas. As discussões foram bem interessantes, só faltou um pouco de base teórica. Outra disciplina foi política externa da República Federal da Alemanha desde 1949 até os dias atuais, lecionada por um diplomata do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha. A terceira disciplina deste módulo foi sobre a ONU, lecionada por um ex-subsecretário geral.
Uma disciplina do módulo de gestão pública, que eu não tive, mas eu soube pelos que tiveram que foi muito interessante, foi Government 2.0. O conteúdo era basicamente sobre como as novas ferramentas interativas da web, como os blogs e as wikis, vão mudar o setor público. Esta discussão tem potencial de ser muito importante nos próximos anos para quem se interessa por gestão pública.
Além de todos estes cursos, são obrigatórios nove créditos em línguas. Os estrangeiros são obrigados a cursar Alemão. Os alemães são obrigados a cursar alguma língua estrangeira que não seja Inglês. Dentro do módulo de línguas, havia também uma disciplina opcional muito interessante para quem procurará emprego depois: um curso de apresentação oral, entrevista e dinâmica de grupo, lecionado pelo mencionado ex-subsecretário geral da ONU.
Por fim, o quarto semestre, que para mim se inicia em abril deste ano, é reservado para a tese.
Em uma das três férias (duas de inverno, uma de verão), um estágio de no mínimo 160 horas é obrigatório. A maioria dos estudantes alemães faz estágios em órgãos de governo. Os estrangeiros fazem majoritariamente em ONGs ou em organizações da ONU. Estes estágios são em maioria não remunerados, mas normalmente, a ESPP cobre parcialmente as despesas com moradia e transporte. Estágios em empresas privadas são permitidos se a ESPP considerar que existe relação com o programa.
De pontos positivos deste programa, eu menciono a capacidade adquirida de pensamento mais prático, o contato com pessoas de diferentes nacionalidades, e a presença de professores convidados que trabalham em diferentes organizações e que, portanto, não levam apenas a perspectiva acadêmica dos assuntos para a sala de aula. Também há professores de outras universidades como convidados. Apesar da Universidade de Erfurt ser nova e pequena, há professores que vêem de universidades grandes de conceituadas. Além disso, o currículo que descrevi até aqui parece bastante interessante.
De pontos negativos, eu destaco a falta de professores permanentes. Isto prejudica um pouco a orientação de tese, que acaba tendo que ser mais coletiva do que individual. A precariedade da Universidade de Erfurt, inaugurada apenas em 1994, atrapalha um pouco também. Alguns professores vão embora porque encontram melhores propostas salariais em outras universidades. Portanto, a rotatividade é muito alta. Muitas vezes, a grade curricular é definida com base na disponibilidade de gente para lecionar. Outro problema foi o desespero para obter mais alunos. No meio do processo de escolha para os ingressantes em 2008, foi decidido que não seria mais necessário o TOEFL para o início do programa, apenas para o fim. A decisão foi infeliz por dois motivos: primeiro porque foram mudadas as regras no meio do jogo, segundo porque se o programa é em Inglês, seria de se esperar que todos os participantes tivessem proficiência comprovada no idioma. Aliás, acho que nos catálogos também deveria ser recomendado um mínimo prévio de um ano de Alemão. Primeiro, para a vida cotidiana, pois no leste da Alemanha, pouca gente mais velha fala Inglês. Segundo, porque faz parte da boa educação e das boas maneiras saber o idioma do país em que habita. Terceiro, porque o Alemão pode ser necessário para as pesquisas de campo do projeto em grupo e da tese.
Mais informações podem ser encontradas em www.espp.de. Outra visita que sugiro é o repositório de casos da ESPP. Um deles, o 001, fui eu que escrevi. Por enquanto, a maioria dos casos discutidos em sala de aula é do repositório da Kennedy School of Government. Mas à medida que mais casos próprios são escritos, mais eles serão utilizados.
Uma disciplina do módulo de gestão pública, que eu não tive, mas eu soube pelos que tiveram que foi muito interessante, foi Government 2.0. O conteúdo era basicamente sobre como as novas ferramentas interativas da web, como os blogs e as wikis, vão mudar o setor público. Esta discussão tem potencial de ser muito importante nos próximos anos para quem se interessa por gestão pública.
Além de todos estes cursos, são obrigatórios nove créditos em línguas. Os estrangeiros são obrigados a cursar Alemão. Os alemães são obrigados a cursar alguma língua estrangeira que não seja Inglês. Dentro do módulo de línguas, havia também uma disciplina opcional muito interessante para quem procurará emprego depois: um curso de apresentação oral, entrevista e dinâmica de grupo, lecionado pelo mencionado ex-subsecretário geral da ONU.
Por fim, o quarto semestre, que para mim se inicia em abril deste ano, é reservado para a tese.
Em uma das três férias (duas de inverno, uma de verão), um estágio de no mínimo 160 horas é obrigatório. A maioria dos estudantes alemães faz estágios em órgãos de governo. Os estrangeiros fazem majoritariamente em ONGs ou em organizações da ONU. Estes estágios são em maioria não remunerados, mas normalmente, a ESPP cobre parcialmente as despesas com moradia e transporte. Estágios em empresas privadas são permitidos se a ESPP considerar que existe relação com o programa.
De pontos positivos deste programa, eu menciono a capacidade adquirida de pensamento mais prático, o contato com pessoas de diferentes nacionalidades, e a presença de professores convidados que trabalham em diferentes organizações e que, portanto, não levam apenas a perspectiva acadêmica dos assuntos para a sala de aula. Também há professores de outras universidades como convidados. Apesar da Universidade de Erfurt ser nova e pequena, há professores que vêem de universidades grandes de conceituadas. Além disso, o currículo que descrevi até aqui parece bastante interessante.
De pontos negativos, eu destaco a falta de professores permanentes. Isto prejudica um pouco a orientação de tese, que acaba tendo que ser mais coletiva do que individual. A precariedade da Universidade de Erfurt, inaugurada apenas em 1994, atrapalha um pouco também. Alguns professores vão embora porque encontram melhores propostas salariais em outras universidades. Portanto, a rotatividade é muito alta. Muitas vezes, a grade curricular é definida com base na disponibilidade de gente para lecionar. Outro problema foi o desespero para obter mais alunos. No meio do processo de escolha para os ingressantes em 2008, foi decidido que não seria mais necessário o TOEFL para o início do programa, apenas para o fim. A decisão foi infeliz por dois motivos: primeiro porque foram mudadas as regras no meio do jogo, segundo porque se o programa é em Inglês, seria de se esperar que todos os participantes tivessem proficiência comprovada no idioma. Aliás, acho que nos catálogos também deveria ser recomendado um mínimo prévio de um ano de Alemão. Primeiro, para a vida cotidiana, pois no leste da Alemanha, pouca gente mais velha fala Inglês. Segundo, porque faz parte da boa educação e das boas maneiras saber o idioma do país em que habita. Terceiro, porque o Alemão pode ser necessário para as pesquisas de campo do projeto em grupo e da tese.
Mais informações podem ser encontradas em www.espp.de. Outra visita que sugiro é o repositório de casos da ESPP. Um deles, o 001, fui eu que escrevi. Por enquanto, a maioria dos casos discutidos em sala de aula é do repositório da Kennedy School of Government. Mas à medida que mais casos próprios são escritos, mais eles serão utilizados.
Sobre o MPP (1)
Até agora eu preferi abordar quase que somente minha vida extra-acadêmica aqui no blog, primeiro porque eu considerei que seria mais interessante para os leitores, segundo porque eu ainda não havia terminado totalmente as aulas para poder passar as impressões, e terceiro porque devido às aulas e trabalhos, e não tinha tempo para isso. Agora que as aulas acabaram e me resta somente a tese, eu tenho mais condições de falar um pouco sobre Master in Public Policy. Decidi escrever sobre isso também porque há pessoas que acharam meu blog por Google e quiseram saber um pouco mais sobre o programa.
Como diz os catálogos e os flyers, as principais características do programa são: interdisciplinary, accredited, taught in English, practice oriented. Sobre as três primeiras, não é necessário acrescentar muito mais. A principal especificidade do programa está na quarta.
O propósito do programa não é formar pessoas para dar aulas em universidade, fazer pesquisas ou escrever artigos em journals, e sim preparar pessoas para posições que exigem tomada de decisão em qualquer instituição que crie valor público, podendo ser o setor público, organizações não governamentais, organizações internacionais ou mesmo empresas privadas. Em poucas palavras, o MPP é para quem quer fazer algo de concreto para change the world. Portanto, algumas das disciplinas exigem trabalhos que não são simplesmente uma mera análise de um assunto de uma perspectiva da torre de marfim, e sim uma proposta de ação para um suposto cliente que tem competência para tomar tal ação. Treina-se muito a escrita de memorandum. Valoriza-se muito a prática de soft skills. Este tipo de Mestrado em Políticas Públicas não é muito comum na Europa. Na Alemanha, um equivalente só é encontrado na Hertie School of Governance, em Berlim. Muitas universidades dos Estados Unidos têm este tipo de programa. O MPP da Universidade de Erfurt é inspirado no da Kennedy School of Government, da Universidade Harvard.
O primeiro semestre teve como disciplinas obrigatórias principais Introdução às Políticas Públicas, Análise Quantitativa e Teoria dos Jogos, e como disciplinas auxiliares Comunicação para Ambiente Profissional e uma revisão matemática. O curso de Introdução é bastante interessante: grande parte dele é feito em estudos de casos reais, em que existem problemas concretos que envolvem políticas públicas e os estudantes discutem soluções em sala de aula. Embora existam livros-texto de políticas públicas, eles não são utilizados. As únicas leituras teóricas são artigos em journals sobre os problemas dos casos a serem discutidos. Praticamente não existe aula expositiva. O curso de Análise Quantitativa é um mero curso de estatística básica. Achei o método de ensino deste um pouco falho. A classe foi dividida em grupos e cada grupo apresentou um capítulo de um livro-texto de estatística. A avaliação foi um trabalho em que deveriam ser utilizados os conceitos de estatística em uma pesquisa empírica, com o SPSS como ferramenta. Para mim, estatística deve ser ensinada pelo método mais tradicional: aulas expositivas, listas de exercícios e provas. Mas isto não foi problema para mim, pois já tenho uma base em estatística. O curso de Teoria dos Jogos foi muito bom. Teve aulas expositivas sobre todos os principais aspectos da teoria, uma prova e um trabalho em que os grupos deveriam mostrar um caso de aplicação prática. Já falei sobre isso em um post anterior aqui no blog. O curso de Comunicação para Ambiente Profissional consistia no ensino de escrita para trabalhos acadêmicos, com destaque ao ensino de citação de terceiros, algo que é muito importante e não muito elementar. Também ensinou-se a escrever policy paper, memoradum, press release e discurso. A revisão matemática incluía quase todo o conteúdo de matemática de colégio e mais um pouco de cálculo diferencial e integral. Bem fácil para quem estudou economia.
O segundo semestre teve como disciplinas obrigatórias Gestão Pública Estratégica, Finanças Públicas e Análise Econômica. O curso de Gestão Pública Estratégica foi basicamente sobre o New Public Management, um conceito que teve seu auge nos anos 80 e 90 e hoje alguns de seus aspectos já estão virando um pouco old. Incluía parceria público privada, gestão baseada em resultados, introdução de competição entre agências governamentais, introdução de métodos de avaliação da gestão pública, substituição de mecanismos de comando por mecanismos de mercado, e governo eletrônico. O curso de Finanças Públicas foi o pior de todos. Ao invés de se utilizar livros-texto conceituados, como o do Musgrave, foi utilizado um livro coletânea de artigos editado pelo próprio professor, que não se deu o trabalho de dar aulas. A classe foi dividida em grupos, e cada grupo foi incumbido de apresentar um artigo. Como muitos alunos não eram da área de Economia, e estavam recém-familiarizados com o assunto, muitas das apresentações não ficaram muito boas. O livro não ensinava os princípios básicos de finanças públicas para leigos entenderem. O que o livro fazia era discutir alguns princípios de finanças públicas através da public choice theory para doutrinar que o Estado era ruim e ineficiente, e que por isso, precisava ser pequenininho. O professor, dando aulas em uma universidade estadual e agindo de forma ineficiente, acabou dando um bom exemplo da teoria que ele mesmo quis ensinar. O curso de Análise Econômica foi nada mais do que um curso básico de Microeconomia. Foi utilizado o manual do Mankiw para a maioria dos tópicos e o do Stiglitz para os tópicos sobre a necessidade do setor público lidar com as falhas de mercado: informação assimétrica, externalidades, bens públicos e monopólios. O ensino foi bem tradicional, ótimo para os leigos aprenderem bem os conceitos básicos: aulas expositivas, prova no final.
O terceiro semestre teve como disciplinas obrigatórias Ética no Setor Público, Liderança, e um projeto de grupo. A aula de Ética foi dada em bloco, de duas sextas e dois sábados de manhã e de tarde cheias, porque quem deu as aulas não é um professor profissional e tem poucos dias disponíveis. Ele é um cientista político formado pela London School of Economics and Political Science e sua ocupação principal é formular códigos de ética para empresas privadas. A contratação de professores com estas características ocorre devido à intenção da ESPP de ter gente com perspectiva não exclusivamente acadêmica. O curso se baseou na leitura e discussão de A Theory of Justice, de John Rawls, e afins. Foi bastante interessante. O curso de Liderança foi dividido em duas partes: a primeira, sobre como os estudantes podem desenvolver capacidades próprias de liderança, a segunda, um mini-curso de negociação e mediação, com um professor que trabalha em uma organização de mediação de conflitos. Para o projeto, a classe foi dividida em quatro grupos e cada um trabalhou propondo soluções para organizações que estabeleceram parceria com a ESPP. Um grupo trabalhou com a Câmara Alemã de Comércio, discutindo o acordo comercial da União Européia com a Índia e a Coréia do Sul, do ponto de vista do interesse das empresas alemãs. Outros dois grupos trabalharam com uma organização em Berlim que lida com governo eletrônico. Meu grupo trabalhou com a prefeitura de Erfurt, falando sobre melhorias para o Orçamento Participativo. Já falei sobre isso em um post anterior.
Como diz os catálogos e os flyers, as principais características do programa são: interdisciplinary, accredited, taught in English, practice oriented. Sobre as três primeiras, não é necessário acrescentar muito mais. A principal especificidade do programa está na quarta.
O propósito do programa não é formar pessoas para dar aulas em universidade, fazer pesquisas ou escrever artigos em journals, e sim preparar pessoas para posições que exigem tomada de decisão em qualquer instituição que crie valor público, podendo ser o setor público, organizações não governamentais, organizações internacionais ou mesmo empresas privadas. Em poucas palavras, o MPP é para quem quer fazer algo de concreto para change the world. Portanto, algumas das disciplinas exigem trabalhos que não são simplesmente uma mera análise de um assunto de uma perspectiva da torre de marfim, e sim uma proposta de ação para um suposto cliente que tem competência para tomar tal ação. Treina-se muito a escrita de memorandum. Valoriza-se muito a prática de soft skills. Este tipo de Mestrado em Políticas Públicas não é muito comum na Europa. Na Alemanha, um equivalente só é encontrado na Hertie School of Governance, em Berlim. Muitas universidades dos Estados Unidos têm este tipo de programa. O MPP da Universidade de Erfurt é inspirado no da Kennedy School of Government, da Universidade Harvard.
O primeiro semestre teve como disciplinas obrigatórias principais Introdução às Políticas Públicas, Análise Quantitativa e Teoria dos Jogos, e como disciplinas auxiliares Comunicação para Ambiente Profissional e uma revisão matemática. O curso de Introdução é bastante interessante: grande parte dele é feito em estudos de casos reais, em que existem problemas concretos que envolvem políticas públicas e os estudantes discutem soluções em sala de aula. Embora existam livros-texto de políticas públicas, eles não são utilizados. As únicas leituras teóricas são artigos em journals sobre os problemas dos casos a serem discutidos. Praticamente não existe aula expositiva. O curso de Análise Quantitativa é um mero curso de estatística básica. Achei o método de ensino deste um pouco falho. A classe foi dividida em grupos e cada grupo apresentou um capítulo de um livro-texto de estatística. A avaliação foi um trabalho em que deveriam ser utilizados os conceitos de estatística em uma pesquisa empírica, com o SPSS como ferramenta. Para mim, estatística deve ser ensinada pelo método mais tradicional: aulas expositivas, listas de exercícios e provas. Mas isto não foi problema para mim, pois já tenho uma base em estatística. O curso de Teoria dos Jogos foi muito bom. Teve aulas expositivas sobre todos os principais aspectos da teoria, uma prova e um trabalho em que os grupos deveriam mostrar um caso de aplicação prática. Já falei sobre isso em um post anterior aqui no blog. O curso de Comunicação para Ambiente Profissional consistia no ensino de escrita para trabalhos acadêmicos, com destaque ao ensino de citação de terceiros, algo que é muito importante e não muito elementar. Também ensinou-se a escrever policy paper, memoradum, press release e discurso. A revisão matemática incluía quase todo o conteúdo de matemática de colégio e mais um pouco de cálculo diferencial e integral. Bem fácil para quem estudou economia.
O segundo semestre teve como disciplinas obrigatórias Gestão Pública Estratégica, Finanças Públicas e Análise Econômica. O curso de Gestão Pública Estratégica foi basicamente sobre o New Public Management, um conceito que teve seu auge nos anos 80 e 90 e hoje alguns de seus aspectos já estão virando um pouco old. Incluía parceria público privada, gestão baseada em resultados, introdução de competição entre agências governamentais, introdução de métodos de avaliação da gestão pública, substituição de mecanismos de comando por mecanismos de mercado, e governo eletrônico. O curso de Finanças Públicas foi o pior de todos. Ao invés de se utilizar livros-texto conceituados, como o do Musgrave, foi utilizado um livro coletânea de artigos editado pelo próprio professor, que não se deu o trabalho de dar aulas. A classe foi dividida em grupos, e cada grupo foi incumbido de apresentar um artigo. Como muitos alunos não eram da área de Economia, e estavam recém-familiarizados com o assunto, muitas das apresentações não ficaram muito boas. O livro não ensinava os princípios básicos de finanças públicas para leigos entenderem. O que o livro fazia era discutir alguns princípios de finanças públicas através da public choice theory para doutrinar que o Estado era ruim e ineficiente, e que por isso, precisava ser pequenininho. O professor, dando aulas em uma universidade estadual e agindo de forma ineficiente, acabou dando um bom exemplo da teoria que ele mesmo quis ensinar. O curso de Análise Econômica foi nada mais do que um curso básico de Microeconomia. Foi utilizado o manual do Mankiw para a maioria dos tópicos e o do Stiglitz para os tópicos sobre a necessidade do setor público lidar com as falhas de mercado: informação assimétrica, externalidades, bens públicos e monopólios. O ensino foi bem tradicional, ótimo para os leigos aprenderem bem os conceitos básicos: aulas expositivas, prova no final.
O terceiro semestre teve como disciplinas obrigatórias Ética no Setor Público, Liderança, e um projeto de grupo. A aula de Ética foi dada em bloco, de duas sextas e dois sábados de manhã e de tarde cheias, porque quem deu as aulas não é um professor profissional e tem poucos dias disponíveis. Ele é um cientista político formado pela London School of Economics and Political Science e sua ocupação principal é formular códigos de ética para empresas privadas. A contratação de professores com estas características ocorre devido à intenção da ESPP de ter gente com perspectiva não exclusivamente acadêmica. O curso se baseou na leitura e discussão de A Theory of Justice, de John Rawls, e afins. Foi bastante interessante. O curso de Liderança foi dividido em duas partes: a primeira, sobre como os estudantes podem desenvolver capacidades próprias de liderança, a segunda, um mini-curso de negociação e mediação, com um professor que trabalha em uma organização de mediação de conflitos. Para o projeto, a classe foi dividida em quatro grupos e cada um trabalhou propondo soluções para organizações que estabeleceram parceria com a ESPP. Um grupo trabalhou com a Câmara Alemã de Comércio, discutindo o acordo comercial da União Européia com a Índia e a Coréia do Sul, do ponto de vista do interesse das empresas alemãs. Outros dois grupos trabalharam com uma organização em Berlim que lida com governo eletrônico. Meu grupo trabalhou com a prefeitura de Erfurt, falando sobre melhorias para o Orçamento Participativo. Já falei sobre isso em um post anterior.
quinta-feira, 12 de março de 2009
Atiradores em escolas
A tragédia de ontem ocorrida em uma escola perto de Stuttgart, em que um adolescente matou 16 pessoas, foi o terceiro caso parecido na Alemanha nesta década.
Um deles ocorreu em uma escola em Erfurt em 2002, quando um adolescente também matou 16 pessoas.
Um deles ocorreu em uma escola em Erfurt em 2002, quando um adolescente também matou 16 pessoas.
segunda-feira, 9 de março de 2009
A Bundesliga está bem disputada
Até pouco tempo atrás, a liderança da Bundesliga (como aqui é chamado o Campeonato Alemão) alternava a cada rodada. Durante algum tempo, ficou na mão do Hoffenheim, de uma cidade de menos de 4 mil habitantes com o mesmo nome. Agora, o Hertha Berlin abriu uma pequena vantagem. Tem 46 pontos. Quatro times empatam em segundo lugar, com 42 pontos: o Hoffenheim, o Bayern de Munique, o Wolfsburg e o Hamburg. Ou seja, cinco times estão disputando o título a menos de três meses do fim. O Hertha Berlin, se for campeão, terá quebrado um jejum de mais de três anos.
Enquanto isso no Brasil, ainda há viúvas do mata-mata que acham que torneio de pontos corridos não tem emoção.
Enquanto isso no Brasil, ainda há viúvas do mata-mata que acham que torneio de pontos corridos não tem emoção.
Velho blog, novo blog
Saí da comunidade do Luís Nassif. Agora meu outro blog, no qual eu escrevo genéricos assuntos de cervajaria, foi reativado. Basta clicar no link "Meu outro blog" na lateral.
O endereço é http://blogdomarcelobrito.blogspot.com. O novo nome pode ter derivado da falta de humildade. Afinal, quem sou eu para ter um blog que simplesmente tem meu próprio nome? Quem teria interesse em ler? Mas na verdade, preferi chamar simplesmente de "Blog do Marcelo Brito" por falta de criatividade mesmo. Não gostei do nome anterior.
Foi bom ter permanecido seis meses na comunidade. Conheci quem tinha que conhecer, debati com quem tinha que debater. Agora que já peguei os contatos, não vejo mais vantagens em continuar na comunidade. Preferi ter o espaço só meu, onde eu posso escrever as bobagens que eu quiser sem constrangimento. E agora, qualquer um pode comentar meus textos novamente.
Eu fiz um back-up dos textos que eu coloquei na comunidade. Se alguém tiver interesse por algum deles, contate-me.
O endereço é http://blogdomarcelobrito.blogspot.com. O novo nome pode ter derivado da falta de humildade. Afinal, quem sou eu para ter um blog que simplesmente tem meu próprio nome? Quem teria interesse em ler? Mas na verdade, preferi chamar simplesmente de "Blog do Marcelo Brito" por falta de criatividade mesmo. Não gostei do nome anterior.
Foi bom ter permanecido seis meses na comunidade. Conheci quem tinha que conhecer, debati com quem tinha que debater. Agora que já peguei os contatos, não vejo mais vantagens em continuar na comunidade. Preferi ter o espaço só meu, onde eu posso escrever as bobagens que eu quiser sem constrangimento. E agora, qualquer um pode comentar meus textos novamente.
Eu fiz um back-up dos textos que eu coloquei na comunidade. Se alguém tiver interesse por algum deles, contate-me.
quinta-feira, 5 de março de 2009
Quando uma autoridade de um país tem que responder processo em outro
Casos como este são raros de acontecer. E desta vez não foi nenhum ditador sanguinário. Foi apenas um esportista de fim de semana desatento.
No dia 1 de janeiro de 2009, o ministro-presidente (equivalente a governador) do estado da Turingia Dieter Althaus passava as férias em uma estação de esqui na Austria. Esquiar é um de seus passatempos favoritos. Naquele dia, por descuido, ele se chocou com uma turista eslovaca, que esquiava na mesma pista. Ele se machucou mas está se recuperando. Ela faleceu.
Por causa de sua responsabilidade no óbito, a justiça da Austria instituiu um processo contra Althaus, que estava internado em um hospital daquele país. Ontem saiu o veredito: o ministro-presidente terá de pagar uma multa de 33.000 euros.
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