domingo, 30 de novembro de 2008

Leste da Alemanha vai melhor no teste Pisa

O teste Pisa é feito pela OCDE para avaliar o desempenho dos estudantes de seus países membros e de países convidados. Quando o Brasil participou, seus estudantes deram vexame, ficando em último ou penúltimo. Neste ano, o Brasil não foi avaliado.
A novidade deste ano foi a melhora do desempenho da Alemanha, que teve um desempenho pífio na primeira edição do teste, em 2000. Em 2008, a Alemanha progediu muito, e ficou em oitavo lugar em ciências naturais, décimo quarto em matemática e décimo quarto em leitura. A Finlândia lidera em ciências naturais e matemática e a Coréia do Sul lidera em leitura. Além de Finlândia e Coréia do Sul; Austrália, Nova Zelândia, Holanda e Canadá vão bem no ranking das três disciplinas. Turquia, México e Grécia vão mal nas três disciplinas.
Dentro da Alemanha, nas três disciplinas, o melhor estado é a Saxônia, o segundo é a Baviera, e o terceiro é a Turíngia. Dos três melhores, dois são do Leste. Em ciências naturais, a Saxônia tem desempenho pior apenas em relação à Finlândia.
Alguns especialistas em educação apontaram o sistema educacional segregado como um dos motivos para o desempenho ruim da Alemanha na primeira edição do teste Pisa. Na Alemanha, só até a quarta série a escola é igual para todos. A partir da quinta, os estudantes de desempenho melhor vão para o Gymnasium, os de desempenho intermediário vão para a Realschule e os de pior desempenho vão para a Hauptschule, que é a mais técnica das escolas. Este sistema é considerado injusto e obsoleto por muitos políticos.
Na Saxônia e na Turíngia, não existe Hauptschule. Esta pode ter sido uma das razões do bom desempenho. A outra razão pode ter sido a falta de população jovem. Com menos crianças e adolescentes, há salas menores.
Para ver os resultados completos do teste, clique aqui.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

A neve








Ontem e hoje nevou muito na Alemanha. Em muitos lugares, foi formada uma camada de 5cm de gelo. Até mesmo em bancos acumulou bastante neve. É muito bonito ver tudo branquinho. Até as árvores de Natal ficaram com cara de árvore de Natal. É uma pena que provavelmente nos próximos dias vai derreter tudo.

Obs. E parabéns a minha avó, mesmo não estando mais entre nós.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Um pop mais ou menos produzido na Alemanha

O Clueso é uma banda de destaque atualmente na Alemanha. Não é ruim como Die Prinzen e Pilos Puntos, mas também não é extremamente espetacular.
Clique aqui para ver um clipe.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Ótima notícia para quem está no País do Carnaval

... e que não tem nada a ver com Carnaval
Radiohead confirmado no Brasil. 30 e 31 de março no Rio de Janeiro e em São Paulo (não sei a ordem). Serão os dois últimos shows da turnê da América Latina, que passará por México, Chile e Argentina. Só os ingressos pro show no Chile estão à venda.
Agora eu acho que acabou. Dentro das bandas que eu conheço, não há mais nenhuma das grandes que falta para se apresentar no Brasil.
Bom, enquanto isso aqui em Erfurt, haverá o show do primeiro artista de rock internacional que se apresentou no Brasil: Alice Cooper. Vai ser no dia 25 de novembro. Pensei que se tratava de um artista decadente que só se apresentava atualmente em cidades de médio porte. Não, a turnê também passará por Frankfurt, Munique e Berlim. Não verei o show porque não é "de grátis".
E voltando ao Radiohead, clique aqui para ver um cover simpático.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Mistééééério

A maioria dos descentes de alemães que residem nos Estados Unidos e no Brasil têm cabelo loiro amarelo.
Mas as pessoas com cabelo loiro amarelo não são maioria aqui na Alemanha. O tipo mais coum de cabelo é um castanho bem claro.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Martinsfeier

Hoje, assim como todo 10 de novembro, teve a Martinsfeier (ou Martini, nada tendo a ver com a bebida). É uma tradição em Erfurt. Trata-se de um evento ecumênico para celebrar o aniversário de Martin Luther e de St. Martin. Portanto, é uma festa católica e protestante.
Às 18 horas, como de praxe, foi realizada uma cerimônia na escadaria da Dom, com um padre de branco e um pastor de preto. A tradição deste evento são as crianças que portam lanternas envolvidas em papel colorido. Parece coisa de chinês. Elas fazem os enfeites nas escolas. As crianças, e os adultos também, se reúnem na Domplatz para ver a cerimônia. Como às 18 horas o céu já está totalmente escuro, o efeito visual das lanternas fica bonito.
Tendas, além de venderem salsicha como em qualquer evento, vendem perna de ganso assada especialmente neste dia. Ganso é uma carne saborosa, ao contrário de pato, que é duro.
Não tirei fotos do evento, mas quem quiser saber mais, clique aqui.

Frank-Walter Steinmeier

Na última sexta-feira, eu vi, no auditório da universidade, uma palestra de Frank-Walter Steinmeier, atual ministro das relações exteriores da Alemanha e candidato a chanceler no ano que vem.
Embora o tema fosse "o papel atual da Alemanha no mundo", Steinmeier falou mais sobre política interna.

sábado, 8 de novembro de 2008

Orçamento Participativo

Neste semestre, estou trabalhando em um projeto de grupo cujo objetivo será elaborar propostas à Prefeitura de Erfurt sobre como melhorar o funcionamento do orçamento participativo (Burgbeteiligungs Haushalt), existente aqui desde 2004.
Na segunda-feira desta semana, estive em uma palestra do prefeito, em que ele apresentou o orçamento de 2009 à população e falou como o povo poderia participar das decisões. Foi um evento aberto. Na quinta-feira, estive em uma reunião com as pessoas da cidade responsáveis pela implementação do orçamento participativo.
Erfurt não é nem a primeira nem a mais bem sucedida cidade a adotar métodos de participação popular na formulação do orçamento. Mais de 30 cidades na Alemanha adotam este tipo de procedimento. A idéia, que teve início no Brasil no final dos anos 80 (o site de Erfurt cita o caso de Porto Alegre), se espalhou pela Europa ao longo dos anos 90. Os maiores destaques na Alemanha são as cidades de Colônia, Lichtemberg e Esslingen.
Os objetivos do orçamento participativo são os mesmos em qualquer lugar: introduzir mecanismos de democracia direta, aumentar participação popular, melhorar qualidade do gasto público local, aumentar a transparência e reduzir a corrupção. Mas o funcionamento na Alemanha é completamente diferente se comparado ao Brasil. As duas principais diferenças são:
1. Em nenhuma cidade alemã as decisões populares têm poder deliberativo. Tais decisões apenas entram na pauta de votação do Conselho (equivalente à Câmara Municipal)
2. As assembléias presenciais não existem. A maioria do processo é feita na Internet.
O funcionamento é um pouco diferente em cada cidade, mas em geral é mais ou menos assim: a população pode mandar sugestões, sobre como gastar ou economizar dinheiro, através de formulário ou da Internet. Um moderador faz uma pré-seleção, eliminando alguns absurdos. As sugestões são discutidas em um fórum na Internet, até chegar a propostas concretas. As propostas são votadas na Internet. As aprovadas entram na pauta de votação do orçamento, feita pelo Conselho. Há algumas empresas não lucrativas especializadas em fornecer a plataforma tecnológica para discussão e votação.
Algumas cidades alcançaram razoável sucesso: Lichtemberg (cidade satélite de Berlim) tem 26o mil habitantes e registrou dois mil participantes no último ano. Colônia tem um milhão de habitantes e registrou cinco mil participantes. Outras cidades, nem tanto. Em Esslingen, com 100 mil habitantes, houve 170 participantes. O programa lá foi aplicado apenas experimentalmente em 2003 e foi encerrado logo depois.
Em Erfurt, o orçamento participativo ainda engatinha. No último ano, foram registrados incríveis 49 participantes. O site da prefeitura diz que apesar da falta de quantidade, houve qualidade, pois as propostas dos 49 eram de bom nível. Na reunião com o prefeito, um dos colegas do meu grupo perguntou quais foram especificamente as tais boas propostas. O prefeito não deu uma resposta específica. Disse apenas que a maioria delas tinha a ver com creches, mas admitiu que tais propostas já estavam em discussão no Conselho e seriam implementadas mesmo sem a sugestão popular.
Normalmente, eu acredito que o Orçamento Participativo tem mais chance de dar certo quando a cidade tem uma vida comunitária forte, com significativa importância de movimentos sociais e associações de bairro, e quando existe uma demanda prévia por participação popular nas decisões referentes ao orçamente. Este é o caso das cidades brasileiras que adotaram o OP, principalmente Porto Alegre e Belo Horizonte. Políticas de OP também são muito importantes quando existem casos graves de corrupção e de gasto público ruim, que precisam ser combatidos por maior vigilância população.
Na Alemanha, onde o OP começa quando as prefeituras acham a idéia legal e decidem incentivar a participação popular por meio de campanhas publicitárias, a chance de dar certo é menor. Mas os casos de Colônia e Lichtemberg mostram que mesmo assim, nada é impossível.
Em Erfurt, não vi ânimo da população local. Na reunião com o prefeito, estiveram presentes cerca de 30 pessoas. Na reunião com os formulares do programa, não consegui ver clareza em suas idéias. Eles não tinham na ponta língua respostas de perguntas como por que fazer o OP, como fazer, com que recursos etc.

domingo, 2 de novembro de 2008

O céu do Brasil chorou

Quando Felipe Massa estava no pódio, recebendo o troféu, o locutor alemão da RTL falou que o piloto brasileiro estava chorando e o céu do Brasil também estava chorando, fazendo trocadilho com a chuva. Não sei o que o Galvão Bueno falou, mas duvido que ele tenha feito uma descrição mais exata do momento.
O locutor alemão estava muito bem informado sobre o patriotismo do povo brasileiro em relação ao automobilismo. E não conseguiu disfarçar sua torcida para o Felipe Massa. Depois da bandeirada, pouco falou dos feitos do Hamilton. Gastou muito mais tempo falando como o Massa tinha feito tudo certinho naquela corrida. E pareceu mostrar um entusiasmo muito grande quando Vettel passou Hamilton, quase dando o título ao brasileiro.
Segundo uma enquete que a RTL realizou por celular, mais de 70% dos telespectadores alemães estavam torcendo para o título do brasileiro.
Quando eu olhei para os boxes, reparei que não precisava ser brasileiro para torcer para o Felipe Massa. O visual da equipe e da família de cada piloto foi uma coisa muito caricatural. As modelos de plástico e os homens de preto do Hamilton davam o ar de bandido ao piloto inglês. A cara de gente boa do Titonio Massa e a beleza natural do restante da família davam o ar de mocinho ao piloto brasileiro.
E o Timo Glock? Será ele crucificado? Bom, ele não foi um Gigia na Copa de 1950 porque o jogador uruguaio estava cumprindo sua obrigação como profissional e o piloto alemão foi incompetente e não fez sua obrigação de somar o maior número de pontos possíveis para si. Mas Glock também não foi um Toninho Cerezo de 1982 ou um Baloubet de Rouet em 2000 porque estes eram dos nossos, Glock seria apenas um cara útil. A melhor analogia de Timo Glock é com Quiroga, o goleiro do Peru que tomou 6 gols da Argentina em 1978 e tirou o Brasil, que tinha feito sua parte, da final.
Bom, o Hamilton foi campeão, mas o que tocou no pódio foi o belo Virumdum e não o monótono God Save the Queen. Serve como consolo. E se Massa tivesse chegado ao GP do Brasil sem chances de título, estariam todos felizes com sua vitória.

Como utilizar bem o tempo e o dinheiro em cidades na Europa

Estou aqui como estudante, mas nas férias e nos feriados, fui turista. Portanto, coloco umas lições que aprendi por experiência. Claro que todas estas lições são flexíveis, dependendo do gosto de cada um e das especificidades de cada cidade.
Em primeiro lugar, onde se hospedar. Por menos de 20 euros, normalmente, uma pessoa se hospeda em um hostel. Quem prefere ter um banheiro limpo ao invés de dividir um banheiro sujo pode ter o conforto de um hotel sem o S no meio por no mínimo 35 euros individualmente ou dividindo um quarto duplo de 45 euros. Não há cidade grande turística onde se paga menos do que isto. Estes hotéis de 35 euros ficam mais ou menos afastados do centro turístico. No centro é mais caro. Não é problemático ficar afastado, porque qualquer cidade européia tem bom sistema de ônibus, bonde e/ou metrô. Isto vale quando o hotel localiza-se ainda na zona urbana. Os hotéis de estrada só são recomendáveis para quem está de carro alugado e não depende de transporte coletivo.
Em seguida deve-se pensar sobre o que fazer. Isto depende do tamanho da estada. Quem fica somente um dia em uma cidade, é melhor ver todas as atrações superficialmente, a não ser que a cidade tenha algo muito especial, ou algo de muito interesse pessoal. Quem fica dois dias ou mais, pode escolher uma ou mais atrações para ver com mais detalhes.
Museu merece um cuidado especial. É importante ter uma idéia de quanto tempo se gasta dentro do museu a ser visitado. A quem vai ao Louvre, em Paris, é recomendável reservar quase um dia todo. Quem vai ao Museu de História da Alemanha em Berlim, deve deixar umas quatro horas. A outros museus em Berlim também se aplica esta recomendação. Quem vai ao Hofburg, em Viena, também deve reservar algumas horas. Estas recomendações são para quem gosta de museu, óbvio. Uma observação adicional deve ser feita referente ao horário. Museus abrem das 10 às 18. Quem gosta de ficar horas dentro de um deles, pode se planejar para deixar algumas atrações externas para antes das 10 e depois das 18. Obviamente, para fazer um bom aproveitamento de tempo e dinheiro, deve-se selecionar bem os museus. Tem alguns que expõem somente fotos e etiquetas. Para ver foto e ler texto, existe Wikipedia.
Algumas outras atrações também requerem horário planejado. Subir torres famosas, como a de TV em Berlim, por exemplo, requer uma hora de fila.
Ao escolher atrações, é bom ser um pouco crítico. Não ir a um determinado local só porque todo turista supostamente tem que ir. Por exemplo: uma opinião pessoal sobre a troca da guarda da rainha. Quem fica dois dias ou menos em Londres tem muito mais coisa interessante para ver do que um monte de homem marchando, e ainda por cima, tendo que se amontoar em um monte de gente para conseguir ver alguma coisa.
Experimentar a comida local é sempre bom. Se a comida típica local por rápida, como as salsichas de rua da Alemanha, é possível apreciá-la no almoço e no jantar. Se for lenta, como os restaurantes de várias etapas na Itália, é melhor deixar para o jantar, para não despediçar precioso tempo de dia. Aí, vale deixar um sanduíche ou uma pizza para o almoço.
Sobre souvenirs, cada um tem seu gosto. De vez em quando, compro coisas úteis, como camisetas ou chaveiros, este último ítem, mais raramente. Nunca compro quinquilharias, como bustos pequenos de celebridades da cidade ou copinhos, por exemplo. Antes de comprar quinquilharia, é bom pensar: onde é que vou por este troço. Se for pra presente, tudo bem. Mesmo assim, pode-se pensar: onde o presenteado vai por este troço? Quem está em Viena, por exemplo, e vai comprar um presente para alguém, o bombom do Mozart, mesmo meio picareta, é uma opção melhor do que um mini-busto do Mozart. Tudo isto depende de gosto, óbvio. Se o presenteado for apreciador de música clássica... Mas aí existe inúmeros CDs de ópera, como opção.
Por fim, um breve comentário sobre escolha de épocas: quem não depende de férias escolares pode evitar ir à Europa em julho, mês de preços altos e lugares lotados. Setembro e maio são bons meses por ser baixa temporada. Mas engana-se quem acha que a certeza de tempo ameno é outra vantagem. Quem vai nem muito ao norte nem muito ao sul da Europa pode pegar muito calor ou muito frio nestes meses. Em Viena, chegou a fazer 33 graus no começo de setembro e 5 graus no meio de setembro.