sexta-feira, 9 de novembro de 2007

11/9 e 9/11

No resto do mundo, quando as pessoas vêem escrito 9/11 em algum lugar, acredito que elas pensam que a data está escrita em Inglês (mês antes do dia), se referindo ao 11 de setembro. Penso que a maioria das pessoas lembram mais do 11 de setembro do que do 9 de novembro. Depois dos atentados ao World Trade Center em 2001, até o golpe militar ocorrido no Chile em 1973 tirou uma casquinha da data.
Mas e o 9 de novembro? Vai dizer que você esqueceu.
Hoje é uma data importantíssima não só para a Alemanha, como para o resto do mundo. Em uma fria noite de 9 de novembro de 1989, o governo da então República Democrática Alemã anunciou que iria abrir a passagem para Berlim Ocidental. Sabendo disso, habitantes dos dois lados de Berlim saíram às ruas para comemorar, e aí, nem precisa falar mais das clássicas imagens do muro sendo quebrado por martelo e por trator. Foi uma festa para os berlinenses orientais que puderam conhecer inúmeras marcas de cerveja no lado ocidental.
Nesta semana, saiu uma reportagem na revista Spiegel falando das crianças que nasceram no dia da queda do muro, e que hoje, chegam à maioridade.
A queda do muro de Berlim foi um símbolo do fim da Guerra Fria, cujo processo não ocorreu em um dia, mas em dois anos. Ao longo de 1989, os regimes comunistas do Leste Europeu caíram um por um, não pela força, mas pela consciência dos governantes que sua hora de ir ao banheiro havia chegado. O regime da República Democrática Alemã foi um dos que mais resistiu. Em julho, a Hungria abriu suas fronteiras para a Áustria, dando a oportunidade de muitos alemães orientais irem ao ocidente. Há alguns anos eu vi um documentário mostrando uma fila de Trabants parados na fronteira e seus ocupantes desesperados, corrento a pé para a Áustria. O regime húngaro havia caído antes. Em outubro de 1989, após às paradas de 40 anos de socialismo, o povo da RDA saiu às ruas para exigir o fim da ditadura comunista. Isto provocou a queda do linha-dura Eric Honecker, e no seu lugar, assumiu o comunista mais moderado Egon Krenz, que decidiu derrubar o muro para tentar salvar o regime. Não conseguiu. O reinado do SED (Partido Socialista Unificado Alemão) acabou logo depois. Em março de 1990, houve as primeiras eleições livres, com a eleição de um governo não comunista, favorável à reunificação, ou seja, à própria extinção. Em junho de 1990, houve a união monetária. Em 3 de outubro, a reunificação (ou melhor, anexação, pois um estado se incorporou em outro, não houve extinção de dois estados e criação de um terceiro). No ano seguinte, a União Soviética acabou.
O fim da Guerra Fria foi um acontecimento muito mais importante para a história da humanidade do que o ataque ao World Trade Center. Talvez até mesmo a data do acontecimento simples, o 9/11 seja mais importante que o 11/9.
Bom, por falar em comparação de importância, na capa da Folha de S. Paulo do dia 10/11/1989, estava a queda do muro na metade de baixo e manchete de cima, com as letras maiores, era "TSE cassa a candidatura de Sílvio Santos".
Obs. Tinha 5 anos na época, do muro não lembro nada, mas da eleição pra presidente do Brasil, lembro um pouquinho.

Nenhum comentário: