Nenhuma pessoa que me perguntou para qual cidade da Alemanha eu estava indo sabia do que se tratava quando eu respondia Erfurt. Normalmente, quando se fala em Alemanha, as primeiras cidades que vêm à mente são Berlim, Munique, Hamburgo, Colônia e Frankfurt. Para estudantes universitários, ainda se pode lembrar de Münster, Darmstadt e Heidelberg.
Mas de Erfurt, poucos brasileiros ouviram falar. O pouco conhecimento de não-alemães sobre a cidade não significa que a cidade não tem importância. Erfurt tem 200 mil habitantes, tamanho razoavelmente grande para os padrões alemães, e é a capital do estado de Thüringen (Turíngia), terra dos famosos contos de fada dos irmãos Grimm. A cidade pertenceu à antiga República Democrática Alemã. Isto é facilmente perceptível nos arredores, onde são vistos alguns prédios quadrados (os Plattenbau), típicos do período do socialismo. Como Erfurt teve apenas 17% de suas construções destruídas na Segunda Guerra Mundial, pouco se comparado a outras cidades na Alemanha, o centro histórico se manteve. Este centro é uma cidade tipicamente medieval. Portanto, existe o charme típico de cidadezinhas alemãs.
Normalmente, nós, brasileiros, nos impressionamos com a suposta incompatibilidade entre o visual e a população de uma cidade européia. Tendemos a achar enorme uma cidade européia de 50o mil habitantes, porque nossa referência são as partes européias de nossas cidades, onde mora a minoria da população com capacidade de consumo além das necessidades básicas. Campinas é uma cidade européia de 300 mil habitantes. São Paulo é uma cidade européia de 3 milhões de habitantes. Este choque com tamanho de cidades européias não ocorre com Erfurt, que mesmo para nossos padrões, aparenta ser uma cidade de 200 mil habitantes.
Na Idade Média, Erfurt era um importante centro de rotas comerciais. Tinha 20 mil habitantes, o que era grande para a época. A população ficou estagnada até meados do XIX, quando iniciou a intensa industrialização na Alemanha. Atualmente, a economia da cidade de Erfurt se baseia na indústria de equipamentos ópticos, de prensas, de preservativos e de geração de energia solar. Algumas indústrias estatais foram fechadas devido à sua obsolescência.
Além de casas e pontes medievais, Erfurt ainda conta com um grande número de igrejas. Na praça onde se localiza a catedral, ocorrem grandes eventos, como feiras e concertos musicais. Em junho, ocorr a feira medieval, e em novembro-dezembro, a feira de natal. Sobre a culinária local, assim como qualquer outra cidade alemã, Erfurt um estilo próprio de salsichas. Em relação aos esportes, não encontrarei grandes mudanças. O time local de futebol está na terceira divisão nacional, assim como o Bugrão.
Por estar bem no centro da Alemanha (vê-se o mapa), Erfurt tem a vantagem de não estar nem muito longe nem muito perto das principais cidades do país, que normalmente se localizam perto de fronteiras.
Obs 1: Algumas coisas deste texto eu sei porque estive em Erfurt por um dia, em julho do ano passado, outras, eu pesquisei. Não coloquei fotos extraídas da internet ou da viagem passada. As fotos de Erfurt que ilustrarão este blog terão sido todas elas tiradas por mim quando eu estiver lá.
Obs 2: Se eu pudesse escolher uma cidade da Alemanha para morar, certamente seria Berlim, (aliás, Berlim seria a cidade européia em que escolheria morar), seguida pelas grandes cidades do Oeste e pelas cidades dos arredores. Mas em Erfurt existe o curso que mais se encaixa com meus propósitos (em Inglês, voltado pra estrangeiros, tópico de interesse meu) e também, é uma cidade aprazível, e além disso, com uma boa vida cultural.
Sobre a Universidade
Em 1392, foi inaugurada uma universidade em Erfurt, que foi uma das primeiras da Alemanha. No século XV, já contava com o maior número de estudantes do país. Um dos estudantes mais ilustres foi Martinho Lutero, que esteve lá entre 1501 e 1505. Em 1816, esta universidade foi fechada.
Em 1994 foi aberta a nova universidade, em outro endereço na cidade. É uma universidade pequena, com apenas 4000 estudantes, e voltada para as humanidades. As quatro áreas principais são Ciências Sociais, Filosofia, Pedagogia e Teologia.
Referências